sem título


E ele andava e andava. Não tinha vontade de parar, mas às vezes parava. Acendia um cigarro. Os pensamentos como vento e o vento fumava seu cigarro e a fumaça desaparecia assim que surgia. Podia parar, ele sabia, mas as pernas não obedeciam. Era quase uma sensação de pânico. Poderia, talvez, fazer parte da gangue naquele momento. E podia correr. Quase correu. Ou correu e não percebeu.

Parecia tudo realmente estático e distante, como se houvesse um momento para escolher. Mas já havia decidido antes mesmo de dar os primeiros passos.

Fumou um, dois, três cigarros. E correu. Ou andou rápido. Ou nem saiu do lugar. Quase voltou. Mas decidiu esperar. Já tinha passado tanto tempo, tantos anos, que diferença fazia mais um, dois, três. Talvez não acontecesse nunca. E que diferença faria?

Acendeu mais um cigarro.

Talvez o último da noite...