Soma Soma Soma

Soma...

É algo bem parecido com algumas coisas que temos hoje em dia, como maconha e cocaína. Uma forma de nos distanciar de nossas angústias, e sumir por um tempo do mundo real. Claro que a realidade nem sempre é tão triste, mas todos temos a necessidade de sair dela por um tempo. Alguns se drogam, outros assistem novela das oito ou futebol dia de quarta. Uns acreditam em um futuro melhor, que nunca virá.

No mundo imaginado por Huxley [em Admirável Mundo Novo], as pessoas tomavam soma, esqueciam e sentiam-se felizes.
Pode parecer extremamente artificial, mas não é assim mesmo? A felicidade nunca está apoiada em algo concreto e real, sempre está dependendo da nossa capacidade de tornar as coisas superficiais ou de não questionar muito.

Sempre vejo pessoas condenando outras por buscarem felicidade de maneira errada. Não enxergam que não há a maneira certa.

Minha mãe diz que não tenho razão para tristeza, pois nunca me falta nada, tenho tudo que preciso, e conta histórias de quando ela era muito pobre, passava fome, trabalhava e estudava até tarde, mas que era feliz mesmo assim.

Deve ser algum mal da minha geração, ou ilusão da minha mente adolescente-classe-média, mas vejo muito mais razões para tristeza que felicidade. Acho a vida mais que apenas sobreviver. Não sou egoísta a ponto de achar que só eu existo. Penso nas outras pessoas. No que fizemos. No que faremos. Não perco tempo me martirizando com coisinhas pequenas que acontecem, com resultados de provas ou com brigas na família. Há algo maior nisso tudo. Ninguém mais consegue ser feliz. Há um abismo. Começa na cabeça e termina no pé.
E
todos
caindo
i n f i n i t a m e n t e
nele
.
.
.