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O problema não é ver. Ele mora naqueles conceitos gestaltianos que não entendo, nas associações e na garimpagem forçada de lembranças, e isso fode fácil fácil comigo. Quem me vê assim, sempre calmo, vegetariano, bonzinho e voluntário, não pode advinhar que já fiz coisas ruins. Falo especificamente de uma.

O certo é se arrepender das coisas que não fizemos, segundo alguém que quer parecer que nunca errou. Eu errei, isso me consome e não tem desculpa, nada tira a culpa. Só eu sei o tamanho do arrependimento, mais que um elefante na sala-de-estar ou no box do banheiro, e eu fingindo que não incomoda. Mas incomoda pra caralho e não tem jeito de jogar fora, de deixar pra trás, se a cada filme que assisto, a cada música já escutada dezenas de vezes antes e impregnada de pensamentos, a cada livro ou conversa ou capítulo de novela a 'coisa' volta e eu fico parado, paralisado, porque não tem perdão biblíco, pagão ou herege que anule o que passou.

E é por isso que vivo meio agora meio antes, numa busca nervosa por algo novo que não construa relações. E, por mais que o novo chegue, eu ainda estou agora e antes, sabendo que não dá pra sair disso.

1 Comments:

Blogger Unknown said...

não sou escritora de auto-ajuda, por isso nem vou tentar te passar 'receita de bolo' pra diminuir a culpa, até porque não cozinho nada [ai, que fome...]
só queria dar um alô, dizer que tou aqui, me solidarizando =)
vivendo o ontem, cheia de dúvidas

6:39 PM  

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