#350

Como minha mãe diz, tudo na vida é experiência. E eu fui, adquirir mais alguma, num posto de saúde público. Eu nunca tinha ido num desses, mas já estava pensando, durante o caminho, que eu poderia ver fraturas expostas, pessoas dando a luz nos corredores ou qualquer outra coisa traumatizante.

Eu tentei argumentar, dizer que eu amo a Dra. Erbene, a minha pediatra, mas não adiantou, minha mãe me arrastou pra lá. Quando chegamos já percebi aquele mar de mulher grávida e criança chorando, aparentemente saudáveis. Mandaram aguardar. Minha mãe me pergunta "filho, quer sentar?". Eu quero ir embora Mãe!!

Não adiantou. Eles fazem uma espécie de avaliação se seu caso é grave ou não. Você entra num cubículo, tiram-lhe a pressão (fiquei sabendo depois que nem sempre fazem isso), perguntam o que você está sentindo e mandam aguardar. De novo.

Eu fiquei em pé o tempo todo, já estava cheio demais aquele lugar, e não conseguia parar de imaginar a quantidade de doenças que peguei estando aqueles minutos ali. Só fui com uma simples amidalite...

Depois de mais um tempo esperando, me chamaram. Eles chamam os casos mais graves primeiro, mas parecia não ter nenhum no momento [só uma mulher sentindo muita dor no braço, mas ela nem tinha passado pela avaliação ainda]. Eu sei! Eu quero acreditar que existe saúde pública no Brasil! Mas não dá! A médica nem me olhou direito. Não me tocou nem nada, quis nem ver o gânglio no pescoço. Olhou minha garganta e disse que não havia nem ponto de pus. Como não? Se de manhã eles estavam todos lá? E continuavam no mesmo lugar, como constatei quando cheguei em casa.

Receitou os remédios que eu já estava tomando, afinal, de médico e louco, todos temos um pouco. A consulta durou... 30 segundos? Vou dizer 1 minuto pra arredondar. Saudades da minha pediatra! Em 30 minutos de consulta ela já tinha me deixado pelado, tocado em tudo que é lugar de meu frágil corpo debilitado pela doença, e isso só pra confirmar que era amidalite.



O que restou disso tudo? Plano de saúde é um objetivo de vida agora! O meu perde validade quando a faculdade terminar. E a vontade de nunca mais pisar num posto de saúde. Nem pra ganhar vacina de graça.

Poderia ter sido pior? Sempre! Pelo menos não vi ninguém morrendo lá, nem sangue, nem líquido amniótico, etc.

Como está minha saúde? Vou até para um show amanhã...