#179

Não passei o dia dos pais como meu pai, diferente de todos os anos anteriores. Hoje o dia tinha algo que o deixava ainda mais especial: missão dos Cangaceiros da Alegria! O Abrigo São Gabriel, instituição beneficiada da 1° edição do COOPERAROCK [sim, haverá outros COOPERAROCKs], recebeu a nossa visita.

Eu não consegui nem dormir na noite do sábado pro domingo, estava nervoso e ansioso. Sou assim naturalmente (até que disfarço bem), mas estava realmente preocupado em desenvolver uma estratégia de aproximação. No orfanato, que visitamos antes, as coisas aconteceram naturalmente, as crianças se encarregaram da parte mais difícil, que é o primeiro passo. Fiquei pensando: pergunto da saúde? O nome? Um simples 'como vai'? Seria indelicado falar do dia dos pais?

Chegamos lá no horário da oração - quase missa - deles, ficamos quietinhos [principalmente eu ouvindo aquilo tudo que o Frei Gabriel dizia] até a hora do lanche, que seria o início da missão. E eu não sabia o que fazer, o que falar, com quem falar! Mila que deu o pontapé inicial, me levou pra dar uma volta no lugar e notei uma coisa de cara:

sabe quando você está no ônibus, que tem uma criança no banco da frente, que vira e abre aquele sorriso enorme? E você passa o resto da viagem inteira fazendo caras e bocas pra distrair ela? Foi mais ou menos assim que as coisas aconteceram lá, Dona Virgínia abriu um grande sorriso e me escolheu pra conversar, mesmo involuntariamente.

[Eu, Mila e Dona Virgínia]


Ela passou bastante tempo tentando me convencer que eu estava namorando algum das meninas do grupo [segundo ela já tive um caso com quase todas], falamos de família, juventude, velhice, casamento, de tudo um pouco. Fiquei emocionado em diversar partes da conversa, lembrei muito da minha vó e na pouca atenção que destino a ela.

Fico com saudade lembrando da Dona Virgínia falando "você ainda é jovem, moderninho, sem juízo, mas eu sei como é a vida...", e não duvido nenhum pouco que saiba mesmo. Ouvir os mais velhos é algo que tenho que aprender a fazer, e definitivamente, jogar fora a idéia, um tanto inconsciente, de que a vida me deve alguma coisa. Fiquei realmente pensativo depois da tarde de hoje...

[Cangaceiros e Frei Gabriel - o de preto no centro da foto]


Ainda teve a Dona Jolina, cantando sucessos antigos de forró e xaxado, Dona Marina que prometeu ensinar a todos os Cangaceiros os segredos da culinária, e a insequecível Dona Elza e sua frase diversas vezes repetidas, que já virou bordão EU QUERO IR PRA CAMA! [ela repetiu isso até no meio da oração]

Então, foi isso e será muito mais em breve.




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