#508

Já estamos no segundo dia de maio, mês que, começando com esse feriado de cu de proletariado lascado, não promete ser grande coisa. Aí eu lembro que nada pode ser pior que o finado abril, os 30 dias mais pouco felizes da minha vida, nem na minha fase gótica... [eu era consideravelmente feliz, obrigado]

Assim, não tem explicação. Talvez até tenha, astrologia está aí pra essas coisas. Sem motivação, sem perspectivas , não tenho dinheiro, nenhum centavo mesmo, cansado, as pessoas estão tão distantes que eu poderia morar sozinho e não sentiria a diferença, não tem nem ninguém no msn pra falar essas coisas - e mesmo que tivesse...

Na quarta-feira, no ponto de ônibus, meio de ressaca/louco pra chegar em casa, encontrei um ex-colega, desses bem nojentos e esnobes. Eu já não queria conversar e ficava só nas monossilábicas. Ele estuda na Facom. Eu tenho vários motivos pra odiá-lo, inclusive esse da Facom: viado enrustido homofóbico, conservador, fofoqueiro, se achava alguém na noite e tal. Ele continua a mesma bosta, só que começou a fumar, coisa que criticava. MASQUÉQUIMEINTERESSAOQUEVOCÊANDAFAZENDO? Ah! Vai tomar no cu.

Apesar da grande vontade de sodomizá-lo com uma árvore bicentenária, fiquei mal depois. Eu sempre pareço fútil e fracassado quando quero parecer o contrário. Tá. Fiz referência a um ou dois livros, só que não estou estagiando ainda, nem trabalhando, e ainda fiz a burrada de dizer que ia prestar vestibular de novo pra Facom, e ouvi "ahh, tente mesmo...". Porque que não falei que sentia-me realizado e feliz cursando Design? Que ódio.

E fiquei lá ouvindo toda aquela baboseira de início de carreira bem-sucedida, enquanto reunia toda minha fé e orava pro meu ônibus passar. Ai gente, não devo ser tão loser assim... Não mesmo! Me recuso!

Preciso tomar umas. Sempre tive uma tendência alcóolatra. Dizem que isso pode ser genético, o que explicaria muita coisa. Li isso hoje: "qual é a justa medida a ser conservada ao beber? Que sua inteligência e seus pés continuem exercendo o ofício deles", pensamento phyno, de um poeta romano (ou grego. tudo igual), coisa de mais de 2 mil anos atrás. Posso viver 10 mil anos e nunca vou aprender. De qualquer forma, não tenho dinheiro pra beber... Nessa terça passada me pagaram algumas várias cervejas, fiquei todo alegre, cheguei em casa 2 da manhã. Falei demais, lembro de tudo (amém), mas fico puto com as coisas que eu falo. Nada de muito secreto ou que não diria sóbrio, sei lá... eu devia parar com essas coisas...

O pior dessas épocas misteriosamente deprimidas é que fica a impressão que dá pra mudar tudo, arrumar a mochila e nunca mais voltar, desistir, fugir, morrer, até que tu lembra que tem mãe e mais, talvez, uma meia dúzia de pessoas que ficarão super chateadas se você fizer isso, principalmente morrer. Aí percebo que vou acordar mais tarde, me olhar no espelho com cara amassada e cabelo tipo esse da Nina Hagen e as coisas estarão no mesmo lugar, na mesma merda de lugar de sempre.

Cadê a diversão? Cadê a emoção? Cadê?