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Depois de um sorvete da Sorveteria da Ribeira, que é quase um almoço (enche a barriga e é gostoso), começou minha doce tarde de domingo na Creche/Orfanato Minha Vó Flor junto com outros Cangaceiros.

Eu não conhecia quase ninguém ali. Na verdade não conhecia ninguém, além dos que já havia falado no orkut e num rápido encontro 2 dias antes. Mas já havia no ar um espírito de grupo, coisa de bando de cangaceiro mesmo. Pra quem ainda não sabe: a menos de 1 mês atrás montaram uma comunidade no orkut chamada "۞ Orkontros Solidários ۞". Eu já estava cansado de ir em orkontros disso e daquilo, sentar e ficar conversando amenidades. Queria algo com mais ação, e foi isso que encontrei nessa comunidade. A cada mês uma instituição de apoio aos menos favoridos é escolhida para uma visita do grupo.

E em tão pouco tempo conseguimos nos organizar e levar alegria às criancinhas dessa creche/orfanato.

Não sou muito bom com criança e estava realmente apreensivo no dia anteiror. Estava nervoso mesmo e nem consegui dormir: morrendo de medo das crianças não gostarem. Lá descobri que não é preciso muito pra agradar crianças como aquelas. Algumas sem família ou abandonadas por elas, outras que vão lá porque não tem nada pra comer em casa, só querendo um pouco de atenção, carinho e solidariedade.

Em 5 minutos eu já estava conversando, dançando, carregando-as, lendo histórias, ouvindo as histórias delas e, principalmente, me divertindo como elas estavam. Talvez até mais. Mas, como era de se esperar, já fui até preparado psicologicamente, houve momentos que me encheram os olhos de lágrimas. Destaco dois:

Um com um garotinho chamado Vitor, 6 anos, que me disse que não gostava do orfanato não. Que gostava mesmo da casa da madrinha dele, e que ela viria "depois de amanhã" buscá-lo para sempre de lá. Eu não sabia o que dizer na hora, fiquei pensando se era verdade. Não que ele estivesse mentindo, mas se não estaria se enganando. Decidi acreditar, como ele fazia. Era melhor.
Imagino como deve ser terrível ter que morar num orfanato.

O outro momento foi com uma menina de 6 anos que não lembro o nome. Ela até escreveu o nome no ar pra eu ler [era um nome composto, "alguma coisa" Dária]. Quando estavam servindo o lanche ela tirou um saquinho do bolso e começou a guardar tudo que ganhava. Me disse que não tinha nada pra comer em casa, que ia levar pra mãe dela. Quase chorei na hora. Ainda disse que sentia saudades da mãe quando precisava dormir no orfanato. Sua vozinha ficou toda tremida quando falou da mãe.
Na mesma hora que ela me falava isso veio outra menina e disse que era mentira, que a Neila Dária(lembrei o nome) não tinha mãe. Trocaram acusações entre elas, de quem estava mentindo ou não.

As duas ainda me falaram sobre um dos garotos da creche que só dormia lá quando chovia, por que a casa enchia de rato. Tentei corrigir dizendo "não é porque fica cheio de água não?", as duas disseram juntas "também". Tive que parar de conversar com elas pra evitar que uma das crianças menores comesse um pedaço de bolo que estava no chão.

O tempo todo carreguei crianças como macaquinho nas costas, o que me rendeu uma dor na coluna e nos músculos das costas, pescoço e braços. Mas a satisfação faz esquecer tudo isso, e só de lembrar do sorriso de cada criança me dá uma saudade e vontade de voltar e brincar com elas de novo.

Aguardando as próximas missões do grupo, que serão com deficientes visuais e um asilo (estou animado pra seresta xD). Quem quiser saber mais coisas cobre o Cangaceiros da Alegria clicka na imagem abaixo, ok?!











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