Funk

Enquanto posto aqui no blog estou assistindo a um documentário. Tá tudo dominado é sobre o funk carioca. Sabe, eu curto rock [e sua "filosofia"] desde dos 11 anos. Mas nunca tive a cabeça muito fechada pra música não. No começo eu era poser, admito. E o fui até os 14/15 anos. Mas uma hora agente cresce e evolui. Mas não é sobre minha formação musical que quero falar.

Eu via funk na TV e pensava: "baixaria", "...como as mulheres se sujeitam a isso", e outras coisas que muita gente deve ter pensado. É engraçado enxergar hoje como as opiniões mudam e fazem agente analisar as coisas de outra maneira.

Calma! Ainda não fui em nenhum baile funk. Mas olho pra Tati Quebra Barraco e consigo ver e ouvir muito mais que uma sequência de palavrões e apelo sexual. Consigo ver uma feminista. Sim! Claro que nenhuma feminista ia admitir uma coisa dessas. Por que a Tati não é do tipo que queima sutiãs. Ela é do tipo que fala o que pensa. Minha mãe odeia ela. Muita gente odeia ela mesmo.
A Tati vai de encontro ao conservador. Ela vem da favela, é pobre, como muita gente. Fala de sexo, libido, do lugar onde vive, do dia-a-dia... Todo mundo trepa (ou tem vontade), mas parece que não pode falar em voz alta, muito menos se for mulher, e muito menos se não fizer parte dos padrões comerciais de beleza.

O documentário mostra o funk pelos próprios funkeiros. As letras não são só sexo. São sobre a sociedade. Não é só a Tati Quebra Barraco, são muitos outros que colocam pra fora o que pensam, sem medo nenhum. Vivo discutindo isso com meu irmão, que deseja fazer faculdade de música. Pode não ter técnica musical, pode não ser poético, pode não ser agradável. Mas é autêntico, é brasileiro, tem atitude. E arte é atitude, e não estética pura.

Não escuto funk em casa. Mas, definitivamente, passei a respeitar os funkeiros e a música como "a música eletrônica do Brasil" e expressão popular.



Links úteis:
Tá Tudo Dominado [Documentário]
Tigarah [Reportagem - vejam e procurem sobre ela]